Pulitzer Center Update June 12, 2024
Amazon Mining Watch amplia uso de IA para monitorar mineração na Amazônia
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POR MAIS QUE TENHAMOS OUVIDO histórias sobre a sede pelo ouro que guiou os colonizadores das Américas há séculos atrás, é impressionante saber que o ciclo de busca desenfreada por este metal precioso parece longe de acabar. Nunca houve na história um momento em que o ouro esteve tão valorizado. Nos últimos anos, a ascenção da cotação de uma onça de ouro foi meteórica. O último recorde foi quebrado em janeiro de 2024 quando a barreira dos 2000 dólares por onça foi rompida.
Este ouro que termina por regular o sistema bancário global, por garantir proteção de investimentos internacionais e enriquecer reservas nacionais, está diretamente ligado a uma série de violações. Desrespeito aos direitos de comunidades indígenas, abusos trabalhistas de mulheres e crianças, e a destruição em grande escala do meio ambiente são presentes na cadeia de suprimeto do ouro.
Em meio esta crise, o Pulitzer Center têm nos últimos anos trabalhado em aliança com um grupo multidisciplinar de organizações para monitorar o avanço da mineração de ouro na Amazônia. Nesta semana, estamos atualizando de maneira significativa a plataforma Amazon Mining Watch, lançada inicialmente em 2022, e que reúne um modelo de inteligência artificial para detectar minas a céu aberto nos nove países da região amazônica.
A atualização do modelo que agora lançamos expande a base de dados para vários anos e permite comparações esclarecedoras. O desmatamento e poluição de rios causadas pela mineração, em grande parte ilegal, dobrou nos últimos cinco anos, mostra a nossa análise.
“The mining is expanding terribly, every year from 2018 through 2023, almost doubling in area, measuring at 3.2 million acres last year. Let it be said, we make detections on sixty-acre parcels, so this number counts some strips of forest at the edges of the toxic mining sludges”, explicou Edward Boyda, the leading Data Scientist for Amazon Mining Watch.
Outro membro da aliança, a organização Amazon Conservation, tem utilizado os dados da plataforma em seu boletim MAAP. As análises geoespaciais mostram que a maior presença de mineração na Amazônia está concentrada no Brasil, seguido pela Guiana e o Suriname. Leia mais sobre o boletim MAAP.
Através da revisão de milhares de imagens de satélite Sentinel 2, o modelo treina a máquina a seguir identificando feições no território similares a minas de céu aberto. A taxa de acerto desta ferramenta é de 99,2%, o que permite que jornalistas, cientistas e ativistas se apropriem dos dados para fazerem validações e adicionarem contexto sobre as causas e a legalidade destas operações mineiras.
A atual versão de Amazon Mining Watch foi possível graças a um apoio da Mozilla Foundation. O lançamento oficial ocorre nesta quarta, dia 12 de junho, durante o MozFest, em Amsterdam.
Desde o seu lançamento, Amazon Mining Watch tem contribuido com projetos jornalísticos da Rainforest Investigations Network (RIN), grupo criado em 2020 para apoiar o jornalismo investigativo na Amazônia, no Congo e no Sudeste Asiático. A primeira série de investigações baseada nos dados da plataforma foram publicadas por meios no Brasil, Espanha, Venezuela e Estados Unidos. Nestes casos, a análise foi ampliada e demonstrou qual era a relação entre as pistas de aterrissagem clandestinas na Amazônia e a exploração ilegal das minas de ouro.
Durante o início de 2023, no momento em que a crise de mineração ilegal dentro do território Yanomami, no Brasil, ganhou destaque mundial, Amazon Mining Watch fez o primeiro teste da atualização do modelo de machine learning. Graças à criação de Earth Index pelo time da Earth Genome, a plataforma ganhou muito mais rapidez e pode ser demandada para tarefas específicas. Neste caso dos Yanomamis, pudemos responder à crise gerando reportagem publicada em parceria com o site brasileiro Repórter Brasil.
O próximo passo que vamos dar na expansão do uso da inteligência artificial na identificação de minas de ouro será a reaplicação da ferramenta em outros ambientes de floresta tropical. Em aliança com Cambridge Digital Humanities, centro de investigação da Universidade Cambridge, estamos trabalhando na identificação de feições nas florestas do Cambodia. O projeto será lançada durante a Semana De Dados Sociais, que ocorrerá em Cambridge entre os dias 09 e 13 de setembro.
