An English summary of this report is below. The original report, published in Portuguese in O Joio e O Trigo, follows.
Reporter travels to six countries to investigate the consequences of authoritarianism.
A Hindu extremist who watches over Muslims in his neighborhood. A journalist who notices unusual movements on his cell phone and discovers that he is being monitored by a spy program. A choirboy who returns to his hometown and is arrested in the middle of an interview. These are some of the stories told in the podcast Autoritários, which looks into how democracies are falling into crisis—often in a gradual way.
Journalist Ana Luiza Albuquerque, of Brazilian newspaper Folha de S.Paulo, traveled to six countries to investigate contemporary authoritarian leaders who threaten democracy.
Episode 1: What happened to democracy?
This episode discusses how the world has entered a new democratic crisis, how this crisis is different from previous ones, and why it matters. In addition, hear the stories of three people who were victims of authoritarianism at the same time in three different countries: journalist Nelson Rauda, activist Alexa Zamora, and student leader Umar Khalid.
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Folha lança podcast sobre líderes autoritários e crise democrática
Repórter viajou para seis países para investigar as consequências do autoritarismo
SÃO PAULO—Um extremista hindu que vigia os muçulmanos do bairro. Um jornalista que percebe movimentos atípicos no celular e descobre que é monitorado por um programa espião. Um coroinha que volta para sua cidade natal e é preso enquanto fala com esta repórter.
Essas são algumas histórias contadas no podcast Autoritários, que estreia nesta quinta-feira (22) nas principais plataformas de áudio e no site da Folha. Produzido com apoio do Pulitzer Center on Crisis Reporting, o projeto terá sete episódios —a cada semana, um deles será lançado.
Cada capítulo vai se debruçar sobre um líder autoritário contemporâneo que tem colocado a democracia em risco: Narendra Modi (Índia), Viktor Orbán (Hungria), Donald Trump (Estados Unidos), Jair Bolsonaro (Brasil), Nayib Bukele (El Salvador) e Daniel Ortega (Nicarágua).
Foram oito meses de pesquisa, seis viagens e dezenas de entrevistas com políticos, pesquisadores, jornalistas, ativistas e, principalmente, cidadãos que têm suas vidas afetadas diretamente pelo autoritarismo.
O podcast fala sobre líderes que ascenderam ao poder depois de 2010, ou que aprofundaram o autoritarismo desde então. O objetivo é entender como as democracias entram em crise nos tempos atuais —muitas vezes de um jeito mais sorrateiro, por dentro do Estado, das leis e das instituições.
O primeiro episódio conta as histórias de três pessoas que foram vítimas do autoritarismo na mesma época, em três países diferentes. Também discute com especialistas possíveis causas para a nova crise democrática e como ela se difere das anteriores.
Pesquisadores e institutos que medem a qualidade das democracias defendem que desde 2010 se intensificaram ao redor do mundo os ataques a pilares que formam a democracia liberal. Por exemplo: a liberdade de imprensa e de expressão, o equilíbrio e a independência entre os Poderes e a realização de eleições livres e justas.
Um desses institutos é o V-Dem, que todo ano publica um relatório sobre as condições da democracia no mundo. No mais recente, lançado em março de 2023, eles dizem que 72% da população mundial –quase 6 bilhões de pessoas– vivem numa autocracia. Há 10 anos, essa porcentagem era de 46%.
O V-Dem classifica os países em quatro categorias: autocracia fechada, autocracia eleitoral, democracia eleitoral e democracia liberal. Nas autocracias fechadas, como a China, um único partido ou liderança exerce o poder. Nas autocracias eleitorais, como a Índia, existe a tentativa de imitar uma democracia, com eleições livres, mas outros fatores são desrespeitados, como a liberdade de expressão. Brasil e Estados Unidos são considerados democracias –eleitoral e liberal, respectivamente.
Especialistas afirmam que, depois do nazifascismo e das ditaduras militares dos anos 1960, o mundo vive uma terceira onda de autocratização.
Uma análise dos números mostra que hoje os líderes autoritários têm interesse em posar de democráticos, especialmente para tentar manter boas relações com a comunidade internacional. Desde o fim da Guerra Fria, aumentou o percentual de autocracias que permitem a existência de mais de um partido e o funcionamento do poder Legislativo —ainda que com restrições—, e que promoveram pelo menos uma eleição.
Parte dos especialistas defende que hoje a democracia é corroída por dentro, de forma gradual. Ou seja, se antes golpe se dava com tanque na rua, hoje se dá pelas leis e instituições, pouco a pouco.
Mas quais fatores podem ameaçar uma democracia?
Uma das causas mais relevantes é a corrosão do modelo da democracia liberal, que em diversas partes do mundo não consegue atender as demandas da sociedade. Se as pessoas sentem que não têm acesso a direitos básicos, elas podem acabar apoiando figuras autoritárias que oferecem soluções simples para problemas complexos.
"Não é que essas pessoas são todas insanas, fascistas", diz Marina Shlessarenko Barreto, doutoranda em Ciência Política pela USP e pesquisadora do Laut, o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo. "Existem medos que esses líderes autoritários sabem capitalizar muito bem."
Apresentação, roteiro, produção e reportagem do Autoritários foram feitos pela repórter Ana Luiza Albuquerque. Há oito anos na Folha, Ana Luiza trabalha na editoria de política e é mestre em jornalismo político pela Universidade Columbia (EUA).
A edição de som do projeto é de Raphael Concli. A coordenação é de Magê Flores e Daniel Castro, a produção no roteiro é de Victor Lacombe e a supervisão é de Gustavo Simon. A identidade visual é de Catarina Pignato.
AUTORITÁRIOS
quando quintas-feiras, às 8h
onde nas principais plataformas de podcast
LEIA A TRANSCRIÇÃO DO PRIMEIRO EPISÓDIO
O QUE ACONTECEU COM A DEMOCRACIA?
Ana Luiza Albuquerque: Setembro de 2020. O mundo acompanhava atentamente as eleições nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump, do Partido Republicano, enfrentava Joe Biden, do Partido Democrata. Enquanto muita gente estava em casa, se protegendo da pandemia da Covid, Trump estava comandando grandes comícios. Em um deles, no estado de Nevada, no oeste do país, ele disse que a eleição poderia ser fraudada –uma acusação sem nenhum indício ou prova, que ele estava colocando na cabeça dos apoiadores durante toda a campanha.
[Donald Trump] We’ll start by saying that the Democrats are trying to rig this election because it’s the only way they’re going to win.
Ana Luiza Albuquerque: Quatro anos antes, quando ainda não tinha nenhuma experiência no poder público, Trump tinha contrariado todas as expectativas e derrotado Hillary Clinton, uma figura tradicional da política americana. O governo dele foi marcado pela disseminação de notícias falsas, pelo aumento das tensões raciais e pela perseguição aos imigrantes e à imprensa.
[Donald Trump] Don't be rude. No, I’m not going to give you a question. You're fake news.
Ana Luiza Albuquerque: Naquele setembro de 2020 o mandato do Trump caminhava para o fim, e algumas dúvidas iam surgindo. Qual o tamanho do dano que ele já tinha causado na democracia? E, se Trump fosse reeleito, seria um caminho sem volta?
Cientistas políticos e historiadores ainda discutem a resposta para a primeira pergunta. A segunda foi suspensa por algum tempo, porque Biden foi eleito presidente. Mas Trump tem chances reais nas eleições desse ano —então pode ser que em breve a gente descubra como seria um segundo mandato dele.
Com a derrota de Trump em 2020, progressistas no mundo todo respiraram aliviados. Mas ele era só a ponta do iceberg, a face mais visível de um movimento global de ascensão de líderes autoritários. O problema estava longe de acabar. Se nos Estados Unidos parecia que a ameaça tinha ficado para trás, em outros países ela se aprofundava mais do que nunca.
Ana Luiza Albuquerque: Eu sou Ana Luiza Albuquerque e esse é o primeiro episódio do Autoritários: um podcast da Folha que investiga líderes contemporâneos que ameaçam a democracia e as conexões entre eles. O projeto tem apoio do Pulitzer Center on Crisis Reporting.
Ana Luiza Albuquerque: Setembro de 2020. Agora, em San Salvador, capital de El Salvador. O jovem jornalista Nelson Rauda trabalhava no El Faro, um dos principais meios de comunicação da América Central. Uma fonte o avisou que repórteres que estavam investigando a relação do governo de Nayib Bukele com grupos criminosos estavam sendo monitorados e tinham sido fotografados.
Nos meses seguintes, Nelson e os colegas começaram a perceber umas coisas estranhas no celular.
Ele estava numa ligação e começava a ouvir uns barulhos esquisitos. Amigos diziam que pegavam o celular e percebiam que a câmera estava aberta, mesmo sem terem tocado no aparelho.
Nelson Rauda: De repente escuchabas cientos de llamadas, escuchabas ruidos del teléfono, compañeros que decían que entraban a su teléfono y tenían la aplicación de cámara abierta cuando no lo habían tocado.
Ana Luiza Albuquerque: O Nelson não sabia se ele estava sendo paranoico ou se tinha mesmo algo errado.
Nelson Rauda: Uno no sabe bien la distancia o la frontera entre que es tu paranoia y que es cierto.
Ana Luiza Albuquerque: Uma colega do Nelson usou uma ferramenta digital para fazer um teste. A ferramenta identificava se o aparelho tinha sido invadido por um programa espião. Deu positivo.
Então todos da redação fizeram o teste, e a maioria teve o mesmo resultado. Aí eles contataram o Citizen Lab, uma organização da Universidade de Toronto, no Canadá, que investiga monitoramento digital contra a sociedade civil. O laboratório confirmou que os celulares tinham sido infectados com o programa de espionagem Pegasus. Eles não foram os únicos.
[reportagem Globo] Uma investigação internacional revelou que jornalistas, políticos e ativistas foram espionados com a ajuda de um programa desenvolvido por uma empresa israelense. O número de alvos de espionagem passa de 50 mil, espalhados em mais de 45 países.
Ana Luiza Albuquerque: Com o Pegasus, os invasores conseguem coletar basicamente qualquer dado do celular: localização, fotos, contatos, e-mails, mensagens de aplicativo. Dá para ouvir as chamadas e acessar a câmera e o microfone remotamente.
Na época em que a espionagem veio à tona, o grupo israelense NSO, que criou o programa, disse que o sistema não estava ativo em El Salvador. O site da empresa diz que a ferramenta só é vendida para governos democráticos que precisam vigiar criminosos e terroristas. O governo Bukele negou ter usado o Pegasus.
A análise do Citizen Lab mostrou que a espionagem no El Faro aconteceu entre julho de 2020 e o fim de 2021. Alguns repórteres foram monitorados por mais de 300 dias. O celular do Nelson foi invadido por 62 dias, em períodos diferentes —que ele diz que coincidem com investigações que ele publicou sobre o governo Bukele.
Nelson Rauda: Me dio cólera, me sentí enojado.
Ana Luiza Albuquerque: Além de ter ficado com raiva, o Nelson ficou muito preocupado com o que os invasores fariam com o conteúdo que eles conseguiram acessar.
Nelson Rauda: Todo lo que guardas en tu teléfono, fotos, videos, conversaciones y que podrían usarlos para afectarnos, para jodernos.
Ana Luiza Albuquerque: A equipe do El Faro sempre tomou cuidado ao fazer investigações: usa aplicativos de mensagens criptografadas, programa o app para apagar as mensagens, evita ligações convencionais pelo celular. Mas se você é infectado com o Pegasus, nada disso adianta.
Nelson Rauda: Todos los cuidados que habíamos tenido se van al carajo. Cuando tenés Pegasus, no hay nada que hacer.
Ana Luiza Albuquerque: Os jornalistas do El Faro passaram todas as informações sobre a espionagem para um instituto americano que defende a liberdade de expressão e de imprensa. Em nome dos repórteres, essa organização entrou com uma ação judicial nos Estados Unidos contra o grupo NSO, que vende o Pegasus. Eles querem que a empresa seja obrigada a revelar quem contratou o programa para espionar os jornalistas. O processo ainda está em curso.
Ana Luiza Albuquerque: Setembro de 2020. Em León, Nicarágua. A algumas centenas de kms do Nelson, o cerco também apertava contra Alexa Zamora, uma ativista e defensora dos direitos humanos. Naquele mês a polícia da ditadura de Daniel Ortega passou a vigiar a casa dela todas as noites. Grupos paramilitares tentaram invadir o lugar.
Alexa Zamora: Grupos paramilitares intentaban ingresar a mi casa, pero mi caso no es aislado. Mi caso es como la típica vivencia de un opositor en Nicarágua.
Ana Luiza Albuquerque: A Alexa faz parte do Conselho Político da Unidade Nacional Azul e Branco, um dos maiores grupos de oposição ao Ortega. Em 2018 ela começou a documentar violações de direitos humanos cometidas em protestos contra o regime. Os atos foram reprimidos de forma brutal, o que gerou uma grande crise social no país.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos estima que ao menos 355 pessoas morreram em meio à repressão, entre 18 de abril de 2018 e 31 de julho de 2019.
Por ter registrado as violações, a Alexa ganhou visibilidade e passou a ser ainda mais perseguida. Ela foi formalmente acusada de traição à pátria.
No fim de 2020, meses depois de investidas policiais contra a casa dela, a Alexa se mudou de cidade.
Alexa Zamora: La situación era insostenible, totalmente insostenible.
Ana Luiza Albuquerque: Ela morou em três abrigos, chamados de casas de segurança. São espaços que os ativistas consideram seguros, que estariam protegidos do governo. Mas os paramilitares também chegaram nessas casas. E logo três pessoas de confiança da Alexa, incluindo um amigo que é filiado ao partido do Ortega, disseram que a Justiça tinha uma ordem de prisão contra ela.
Alexa Zamora: Una persona que es un muy, muy querido amigo, me dijo no sé dónde estás, no sé que estás haciendo, pero andate porque hay una orden de captura en tu contra.
Ana Luiza Albuquerque: A Alexa percebeu que não tinha como adiar: estava na hora de sair do país.
Um amigo conseguiu dar uma carona até uma cidade perto da fronteira com Honduras, e ela atravessou a pé. Eu disse para ela que essa história parecia um filme de ação, e ela concordou.
Alexa Zamora: Hacer oposición en Nicaragua es como estar en una película de acción.
Ana Luiza Albuquerque: Depois de entrar em Honduras, a Alexa pegou um voo para a Costa Rica, onde ela mora até hoje. Mas estar fisicamente fora de perigo não significa que ela esteja protegida da ditadura. Em fevereiro de 2023, a Alexa foi considerada culpada da acusação de traição e teve os bens confiscados. Pior: o Ortega tirou a nacionalidade dela.
A Alexa diz que estava trabalhando um período nos Estados Unidos quando ficou sabendo da decisão. Alguns amigos começaram a mandar mensagens de solidariedade, e ela não estava entendendo o porquê. Até que ela viu a notícia. A Alexa diz que o choque de virar apátrida foi pior do que o próprio exílio.
Alexa Zamora: Fue una cuestión como de bueno, y ahora qué hago? Y esto qué significa? Que implica? Esto de verdad me está pasando?
Ana Luiza Albuquerque: A Alexa diz que teve um dos direitos mais fundamentais violados: o direito à identidade.
Hoje, depois de ganhar a cidadania espanhola, ela não é mais apátrida. A Espanha tem feito essa oferta aos opositores que tiveram a nacionalidade retirada pelo Daniel Ortega.
Ana Luiza Albuquerque: Setembro de 2020. Nova Delhi, Índia. Um dos principais ativistas estudantis do país era preso com base em uma lei antiterrorismo usada pelo governo de Narendra Modi para perseguir opositores.
[reportagem India Today] Umar Khalid, a former student of the Jawaharlal Nehru University, has been arrested by the Delhi police special cell in connection with the northeast capital riots case.
Ana Luiza Albuquerque: Umar Khalid foi acusado de ter inflamado protestos feitos contra o governo meses antes, quando Donald Trump visitou a Índia. Em fevereiro, Delhi foi tomada por casos gravíssimos de violência entre hindus e muçulmanos, e 53 pessoas morreram.
As alegações começaram nas redes sociais, quando integrantes do partido do Modi compartilharam 40 segundos de um discurso que o Umar tinha feito em uma universidade. Ele dizia que o governo estava tentando dividir o país e que o povo tinha que se unir, e convocava as pessoas a irem às ruas depois que o Trump chegasse à Índia.
Banojyotsna Lahiri: He didn't put the entire speech.
Ana Luiza Albuquerque: Essa é a pesquisadora Banojyotsna Lahiri, namorada do Umar. Ela diz que as palavras dele foram tiradas de contexto, e que naquele discurso o Umar também citou Mahatma Gandhi e pediu que as pessoas não fossem violentas.
Banojyotsna Lahiri: So it cannot be a riot inducing speech.
Ana Luiza Albuquerque: O Guardian, principal jornal britânico, noticiou que o Umar também falou o seguinte:
Nós não vamos responder violência com violência. Não vamos responder ódio com ódio. Se eles espalharem o ódio, nós vamos responder com amor.
As notícias de que o Umar seria preso estavam circulando na imprensa havia meses. Em agosto de 2020 a polícia chamou o Umar para um interrogatório, mas ele foi liberado em seguida. Em setembro ele foi convocado de novo, e passou o dia prestando depoimento. A Banojyotsna diz que os familiares e amigos ficaram esperando ansiosos na porta da delegacia.
Banojyotsna Lahiri: We were very anxious. We were expecting the worst.
Ana Luiza Albuquerque: À meia-noite daquele dia, a polícia avisou que o Umar seria detido. Já se passaram mais de 3 anos e ele continua preso, esperando o julgamento. A Banojyotsna tem o direito de visitar o Umar na cadeia, mas sempre tem uma parede de vidro entre eles. Ela conta que todo mundo espera o dia que o Umar vai poder ter contato físico com as pessoas de novo.
Banojyotsna Lahiri: Once he comes out, we want to have physically him amongst us first. That is the very important thing.
Ana Luiza Albuquerque: Nelson, Alexa, Umar. Eles nunca se conheceram, mas de certa forma estavam passando pela mesma coisa, ao mesmo tempo. Os três são vítimas de líderes que abusam do poder do Estado para silenciar críticas e questionamentos. E, se no fim de 2020 parecia que os Estados Unidos tinham se livrado da ameaça autoritária, Trump é o candidato favorito para concorrer pelo Partido Republicano nas eleições desse ano.
[reportagem Record News] O ex-presidente Donald Trump venceu a segunda primária, dessa vez em New Hampshire, para escolher o candidato republicano na eleição presidencial dos Estados Unidos. De acordo com a imprensa americana, Trump tem mais de 54% dos votos.
Ana Luiza Albuquerque: Na última década, figuras como Nayib Bukele, Narendra Modi, Donald Trump e Jair Bolsonaro arrastaram uma multidão de seguidores. Mesmo mostrando, várias vezes, o quanto desprezavam a democracia.
Mas como foi que a gente chegou até aqui e o que aconteceu para esses líderes ficarem tão populares?
Marina Shlessarenko Barreto: Essa é a pergunta de milhões, eu acho, Ana. É justamente o que a gente está vendo. É a literatura, o jornalismo, as redes e as esferas públicas discutindo sobre isso.
Ana Luiza Albuquerque: Essa é a Marina Shlessarenko Barreto, doutoranda em Ciência Política e pesquisadora do Laut, o Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo.
Marina Shlessarenko Barreto: Tem gente que fala que a gente está vivendo uma onda populista, autoritária. Tem gente que fala que a gente está vivendo uma onda de regressão ao fascismo. E tem gente que fala que a gente não está vivendo nada disso, é uma coisa totalmente nova, que a gente precisa ainda entender e estudar. Mas a verdade é que está todo mundo tateando ainda. Justamente porque a gente percebe similaridades dos fenômenos atuais com coisas que aconteceram no passado. Mas, ao mesmo tempo, existem diferenças relevantes.
Ana Luiza Albuquerque: Alguns pesquisadores e institutos que medem a qualidade das democracias falam que desde 2010 o mundo está passando por um período de erosão democrática. Isso quer dizer que eles notaram abalos em pilares que formam uma democracia. Por exemplo: a liberdade de imprensa e de expressão, o equilíbrio e a independência entre os Poderes, e a realização de eleições livres e justas.
Um desses institutos é o V-Dem, traduzido como Variedades da Democracia, que produz uma base de dados global. O grupo é vinculado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Marina Shlessarenko Barreto: O que ele se propõe a fazer não é nada modesto. É basicamente olhar para a democracia no mundo inteiro e falar olha, dou o selo de democrático para você, não dou o selo de democrático para você. Quão democrático você é? Quão não democrático, autoritário você é.
Ana Luiza Albuquerque: Todo ano o V-Dem publica um relatório sobre as condições da democracia no mundo. No mais recente, lançado em março de 2023, eles falam que a gente voltou para o mesmo nível global de democracia de 1986 –quando a União Soviética ainda existia.
Os pesquisadores dizem que em 2022 72% da população mundial –quase 6 bilhões de pessoas– estavam vivendo numa autocracia. Há 10 anos, essa porcentagem era de 46%.
O V-Dem classifica os países em quatro categorias, do menos ao mais democrático: autocracia fechada, autocracia eleitoral, democracia eleitoral e democracia liberal. Nas autocracias fechadas, como a China, uma pessoa ou um grupo exerce o poder sem restrições. Nas autocracias eleitorais, como a Índia, existe a tentativa de imitar uma democracia, mas não tem condições mínimas para de fato ser considerada uma.
Nas democracias eleitorais, como o Brasil, as eleições são livres e justas, o voto é universal, tem liberdade de expressão e associação. Mas ficam faltando alguns aspectos respeitados plenamente só nas democracias liberais: o poder do Executivo é restringido pelo Legislativo e pelo Judiciário, direitos individuais são garantidos e todos na sociedade são igualmente submetidos às leis. Esses três fatores têm que estar presentes, como acontece, por exemplo, na Alemanha e no Chile.
Para produzir essa base de dados, o V-Dem depende da avaliação de cerca de 4.000 especialistas espalhados pelo mundo.
Marina Shlessarenko Barreto: Eles fazem pesquisas com experts e questionários sobre a qualidade da democracia. Como está o Judiciário, as instituições, a liberdade de imprensa, os direitos civis e políticos no geral.
Ana Luiza Albuquerque: Críticos ao trabalho do V-Dem apontam que essa metodologia é subjetiva e que os especialistas podem ter vieses.
No ano passado, dois pesquisadores das Universidades da Califórnia e da Virginia, nos Estados Unidos, publicaram um artigo dizendo que não há evidências de que a gente vive em uma época de erosão democrática. Para chegar nessa conclusão eles usaram marcadores objetivos, como a alternância no poder. Seguindo esse raciocínio e adaptando para o exemplo brasileiro, como o Bolsonaro não se reelegeu, não teria como dizer que a democracia entrou em declínio no governo dele. Mas muita gente discorda disso.
Aí aparece a crítica da crítica: esse tipo de marcador objetivo só consegue captar a erosão democrática quando ela está bem mais avançada.
Apesar das críticas, os relatórios do V-Dem são uma das principais referências para a gente ter uma noção do que está acontecendo com a democracia no mundo. E ainda que o autoritarismo de hoje tenha novidades, os pesquisadores do V-Dem e outros acadêmicos falam que o que está rolando é uma terceira onda de autocratização.
Essa ideia de ciclos nasce com o cientista político americano Samuel Huntington, no século passado. Ele dizia que em certos períodos da história a gente teve ondas de democratização, que foram seguidas por ondas reversas, de autocratização.
Marina Shlessarenko Barreto: Então tem uma primeira onda de democratização ainda no século XIX, que vai até os anos 20 do século passado. Então você vê basicamente a expansão do voto, o voto vira universal, o voto para as mulheres. Então, mudanças muito relevantes na sociedade nesse sentido, operários entrando no parlamento, etc. Isso seria uma primeira onda de democratização. Em seguida, você tem uma reação, que é o nazifascismo. E aí isso seria uma primeira onda de autocratização.
Depois da guerra, da Segunda Guerra Mundial, a gente vê esse jogo, né? Haveria uma segunda onda de democratização, justamente com a formação dos Estado de bem estar social, com a desnazificação da Alemanha, enfim. Você teria essa segunda onda democrática. E aí, depois disso, agora indo para a América Latina, você vê nos anos 60 e 70 uma autocratização.
[Auro Soares Moura Andrade] Declaro empossado na presidência da república dos Estados Unidos do Brasil
Marina Shlessarenko Barreto: Então, vários golpes militares que varrem as democracias de uma parte do mapa.
[Auro Soares Moura Andrade] Sua excelência o sr Humberto de Alencar Castelo Branco.
Marina Shlessarenko Barreto: Então, a gente já falou aqui de duas ondas de democratização seguidas por duas ondas de autocratização. E aí, depois, com o colapso do bloco soviético nos anos 90, se fala em uma terceira onda de democratização.
Ana Luiza Albuquerque: Quando a União Soviética caiu, no começo dos anos 90, alguns acadêmicos acreditavam que a democracia liberal tinha triunfado definitivamente como sistema político. Hoje, duas décadas depois, essa ideia está bastante em xeque.
Marina Shlessarenko Barreto: Então você tem esses pesquisadores do V-Dem, que hoje é um dos centros mais credibilizados na análise de democracia global da qualidade democrática, que vão falar, olha a história não parou com a terceira onda de democratização, com o fim do bloco soviético. Muito pelo contrário.
Ana Luiza Albuquerque: Tudo isso que eu discuti com a Marina começou a me inquietar em 2022. Eu estava fazendo um mestrado na Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e peguei uma matéria que se chamava Autocracia e Democracia. Um dos casos que a gente estudou foi o do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que virou uma espécie de ídolo para a direita de todo o mundo. Eu fiquei muito intrigada, pensando como que um país pós-comunista de 10 milhões de habitantes tinha virado um laboratório para o conservadorismo global. Aí, eu viajei para a Hungria em dezembro daquele ano.
Quando eu voltei para Nova York, eu terminei a reportagem final do mestrado, me formei… e continuei intrigada. O Orbán, o Bolsonaro, ou o Trump, não surgem no vazio. Eles são parte de um fenômeno mundial de líderes com traços autoritários que ganharam muita projeção e popularidade nas últimas décadas.
Tipo o economista Javier Milei, eleito na Argentina no fim do ano passado. Ainda não dá para dizer que o Milei é um autoritário, mas no décimo dia de governo ele já publicou um megadecreto revogando ou alterando mais de 300 leis e normas –o que foi recebido pela sociedade civil com bastante resistência.
Esses governantes usam táticas parecidas e exploram insatisfações e ressentimentos das pessoas. Eles perceberam essas afinidades e criaram pontes.
[Jair Bolsonaro] Prezado Orbán, é uma satisfação muito grande estar na Hungria. Considero o seu país o nosso pequeno grande irmão.
Ana Luiza Albuquerque: Tem um fio que liga esses personagens. E eu estava obcecada em seguir esse fio. Eu queria entender por que e como esses caras têm chegado e se mantido no poder. Foi daí que nasceu esse podcast. Para montar esse quebra-cabeça, eu sabia que tinha que viajar para alguns países onde a democracia está em risco.
Boa parte dos acadêmicos que estudam as democracias defendem que essa nova onda de autocratização é diferente das anteriores. É o caso da Erica Frantz, cientista política americana, que produziu uma grande base de dados sobre regimes autocráticos, junto com outros pesquisadores.
Os números mostram que hoje os líderes autoritários têm interesse em posar de democráticos, especialmente para tentar manter boas relações com a comunidade internacional. Desde o fim da Guerra Fria, aumentou a porcentagem de autocracias que permitem a existência de mais de um partido e o funcionamento do poder Legislativo, ainda que com restrições, e que promoveram pelo menos uma eleição.
[reportagem TV Globo] Vamos falar agora da eleição presidencial na Nicarágua. Daniel Ortega foi declarado agora pela manhã o vencedor e vai para o seu quarto mandato consecutivo. A votação foi considerada de fachada pela comunidade internacional. Para você ter uma ideia, sete pré-candidatos foram presos neste ano sob acusação de traição à pátria.
Ana Luiza Albuquerque: Outro aspecto dessa mudança de perfil é que desde os anos 50 vem aumentando o número de ditaduras personalistas, em que o poder está na mão de um único líder.
A base da Erica Frantz mostra que, também com o fim da Guerra Fria, caiu o número de ditaduras militares e de ditaduras centradas em um partido. Ela escreveu, em um livro publicado em 2018, que os dados sugeriam que os regimes personalistas continuariam crescendo, e se tornariam o tipo mais comum de autocracia.
[reportagem AFP] O presidente russo Vladimir Putin parabenizou o líder húngaro Viktor Orbán nesta segunda-feira pela vitória nas eleições gerais e expressou o desejo de reforçar os laços entre Moscou e Budapeste.
Ana Luiza Albuquerque: Mas talvez a diferença mais relevante, defendida por parte dos acadêmicos, seja de que hoje a democracia é corroída por dentro, de forma gradual e sorrateira. Ou seja, se antes golpe se dava com tanque na rua, hoje se dá pelas leis e instituições, pouco a pouco.
Segundo a base da Erica Frantz, entre 1946 e 2010 quase metade das tomadas de poder aconteceu por golpes, como o da ditadura militar no Brasil, em 1964. Pós-Guerra Fria, o percentual de tomada de poder por golpe cai para 30%. E a partir dos anos 90 aumentaram as tomadas de poder por líderes que foram eleitos democraticamente, mas que depois abusaram da posição para minar a democracia.
A Marina Barreto, que falou antes no episódio, faz uma ponderação. Ela concorda que o processo é mais gradual hoje, mas lembra que no passado as leis também foram usadas para legitimar governos autoritários.
Marina Shlessarenko Barreto: No Brasil, a ditadura militar também se utilizou largamente de decretos institucionais, atos institucionais. E embora o direito seja visto mais como uma arbitrariedade, eles se preocupavam com as formas legais e o emprego dessas formas legais.
Ana Luiza Albuquerque: Mas quais fatores podem fazer uma democracia entrar em crise?
Um deles é a dificuldade desse sistema de atender as expectativas da sociedade. Se as pessoas sentem que não têm acesso a direitos básicos, elas podem acabar apoiando figuras autoritárias. Esses políticos costumam oferecer soluções simples para problemas complexos, o que em um primeiro momento pode apaziguar inseguranças e medos dos eleitores. Crises econômicas também já foram apontadas como um gatilho para a erosão democrática.
Marina Shlessarenko Barreto: Não é que essas pessoas são insanas, fascistas, todas.
Ana Luiza Albuquerque: A Marina diz que colocar certos rótulos nos eleitores de Bolsonaro, ou de outros líderes autoritários, impede o diálogo e ignora o sofrimento social que está por trás da popularidade deles.
Marina Shlessarenko Barreto: Existem outros medos que esses líderes autoritários sabem capitalizar sobre muito bem.
Ana Luiza Albuquerque: Outro fator importante para a crise democrática é a polarização política tóxica. Em geral os cientistas políticos concordam que algum nível de polarização é positivo na sociedade. Mas se ele escala muito, passa a estar ligado ao declínio democrático. Quando você vê o opositor como um inimigo, uma ameaça, você fica mais disposto a apoiar ações não democráticas para silenciá-lo.
[reportagem CNN] Uma pesquisa mostra que a população brasileira acha que aumentou, piorou a polarização política aqui no Brasil. E que diminuiu o espírito de civilidade, a tolerância entre aqueles que pensam diferente.
Ana Luiza Albuquerque: As tecnologias que facilitaram a disseminação de informações falsas também têm um papel nisso. É só pensar em quanto o uso sistemático das redes sociais é estratégico para a popularidade de figuras como Bolsonaro e Trump.
Tem ainda outro aspecto essencial para entender a crise das democracias e a ascensão de líderes autoritários na última década. O populismo.
Thomás de Barros: Sem dúvida, populismo é um dos conceitos mais disputados, mais contestados da ciência política, porque ao longo da história foram muito poucas as figuras políticas, os movimentos políticos que se reivindicaram populistas, que bateram no peito para falar ‘eu sou populista’.
Ana Luiza Albuquerque: Esse é o Thomás de Barros, doutor em ciência política e coautor do livro "Do que falamos quando falamos de populismo". O Thomás destaca alguns traços que ajudam a identificar essa característica.
O primeiro deles é o discurso do povo contra as elites. O populista, é claro, se coloca do lado do povo, como alguém que sabe, representa e defende o que o povo quer.
[Donald Trump] I am your voice!
Ana Luiza Albuquerque: Quando o Trump diz que ele é a voz do povo, e os populistas autoritários fazem muito isso, essa é uma tentativa de esvaziar outros espaços de decisão e de representação, como o Judiciário e o Legislativo. E isso pode ser perigoso. Porque se o poder é do povo, e o populista fala pelo povo, na prática o que ele tá dizendo é que o poder é dele.
[Jair Bolsonaro] Acabou a época da patifaria! É agora o povo no poder.
Ana Luiza Albuquerque: Porque se o poder é do povo, e o populista fala pelo povo, na prática o que ele tá dizendo é que o poder é dele.
[Jair Bolsonaro] Contem com o seu presidente para fazer tudo aquilo que for necessário...
Ana Luiza Albuquerque: Essa definição de quem é o povo, ou quem é a elite, também é subjetiva. Quando o Bolsonaro fala do povo brasileiro, na verdade ele está falando dos apoiadores dele.
Thomás de Barros: Então você vê que o povo pode ser caracterizado como um grupo político de esquerda, de direita, de centro, e a elite também. A elite a gente vê ao longo do tempo, ela sendo caracterizada de diversas maneiras. Às vezes a elite é uma elite empresarial. São os ricos, os poderosos. Às vezes a elite são, na verdade, os intelectuais, ou algum grupo minoritário que as pessoas acreditam que domina a política.
Ana Luiza Albuquerque: O Thomás aponta outro aspecto, que é o de movimentos populistas em geral mudarem o que pode e o que não pode aparecer na política, mobilizando setores da sociedade que estavam excluídos desse espaço. Os populistas muitas vezes também se apresentam de uma forma diferente dos políticos tradicionais.
Thomás de Barros: Isso é uma coisa que se fala frequentemente: os líderes populistas são bonachões, grosseiros, falam de um jeito culturalmente popular, às vezes, enfim, rompem com as regras de como se comportar na política.
[reportagem revista Veja] Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro recebeu a reportagem de Veja para uma entrevista exclusiva no Palácio da Alvorada. Bem ao seu estilo, ele apareceu na biblioteca de chinelo, bermuda e camisa de um time de futebol.
Ana Luiza Albuquerque: Normalmente a gente pensa no populismo com uma carga negativa. Mas o Thomás diferencia dois tipos: o democratizante e o reacionário.
O primeiro vai trazer para a política minorias que não tinham voz, tentando incluir cada vez mais gente –mesmo que aos poucos e com limitações. O negro, o índigena, o pobre, a mulher.
Mas é do segundo tipo que a gente vai falar nesse podcast. O Thomás diz que esse populismo reacionário coloca na política setores ultraconservadores, que antes se viam excluídos, sem poder falar abertamente.
Thomás de Barros: O populismo reacionário vai incorporar eles na política, mas é uma incorporação paradoxal, porque é colocar eles para dentro da política para reforçar estruturas de dominação.
Ana Luiza Albuquerque: O Thomás fala em um fator principal que permitiu a ascensão dos populistas reacionários: eles trazem uma sensação de ordem para quem está angustiado com tantas transformações no mundo. Ele lembra que, ao longo do tempo, todas as formas de autoridade foram colocadas em xeque: dos reis, da religião, da ciência, da família…
Thomás de Barros: Isso também é angustiante, também produz angústia de um mundo que não é mais aquele que ele costumava ser. As certezas que nós tínhamos, elas não são mais as mesmas. E nesse mundo que está desabando, por assim dizer, para muitas pessoas a solução é reforçar a autoridade, é reforçar a ordem. É que um líder com pulso firme venha e restabeleça uma sociedade bem ordenada.
Ana Luiza Albuquerque: Nos próximos seis episódios do podcast eu vou te mostrar como essa nova onda autoritária funciona na prática. Cada episódio vai tratar de um líder que tem colocado a democracia em risco, em várias partes do mundo. Eu vou te contar quem ele é, como ele chegou ao poder, por que ele é um autoritário e como isso afeta a população local. Você vai perceber padrões que se repetem, e laços que alguns desses políticos criaram entre si.
Eu me debrucei sobre o aspecto mais recente desse fenômeno, então escolhi líderes que chegaram ao poder ou aprofundaram o autoritarismo depois de 2010 –Narendra Modi, da Índia; Viktor Orbán, da Hungria; Donald Trump, dos Estados Unidos; Jair Bolsonaro, do Brasil; Nayib Bukele, de El Salvador, e Daniel Ortega, da Nicarágua.
Na semana que vem a gente começa a nossa viagem por Nova Delhi.
[Next station is Delhi gate]
Ana Luiza Albuquerque: Eu sou Ana Luiza Albuquerque, responsável pela apresentação, roteiro, produção e reportagem do Autoritários. Se você gostou do episódio, avalia a gente e segue o podcast na sua plataforma favorita para não perder os próximos.
A edição de som é do Raphael Concli. A coordenação é da Magê Flores e do Daniel Castro, a produção no roteiro é do Victor Lacombe e a supervisão dele é do Gustavo Simon. A identidade visual é da Catarina Pignato.
Esse episódio usou áudios da Fox News, CNBC, TV Globo, EITB, India Today, Record News, WDR, UOL, Globonews, AFP, CNN Brasil, PBS, O Globo, Veja e do documentário Tempo de Resistência.
Até semana que vem.