A água chegou sem trégua no estado do Rio Grande do Sul. Em apenas 15 dias, a chuva acumulada bateu a média prevista para o total de cinco meses, causando o transbordamento de rios em diversas cidades do estado. Na capital, Porto Alegre, o lago Guaíba atingiu uma altura sem precedentes, entrando na cidade pelos bueiros e alagando bairros do centro e das periferias.
Centenas de milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas, prédios históricos foram inundados, empresas tiveram perdas gigantescas. O acesso à capital do estado ficou inviabilizado durante dias devido a estradas destruídas. Com sua pista alagada por 20 dias, o aeroporto da cidade foi fechado pelo resto do ano.
Sem infraestrutura, comunidades pobres, negras e de comunidades tradicionais foram as mais afetadas pela enchente e chegaram a ficar 38 dias ilhadas, já que esses locais foram os últimos nos quais os governantes instalaram motores para drenar a água. Desalojados e em abrigos temporários, muitas pessoas perderam suas casas e não sabem se vão conseguir retornar a seus territórios de origem. A série de reportagens conta histórias dessas pessoas para entender como elas foram afetadas e como estão reconstruindo suas vidas.