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Evento

Mortalidade materna e raça no Brasil

País:

Data do evento:

Agosto 20, 2024 | 7:30 PM -03 TO 9:20 PM -03
Participantes:
A pregnant person holds their swollen womb
Inglês

Cláudia Collucci investigates Brazil's struggling health care system and the tragedy of maternal...

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Image
Maternal Mortality Graphic

Imagem cortesia da Folha. Brasil, 2024.

 

Evento reunirá coautoras de estudos que evidenciam disparidades entre mulheres pretas e as brancas e pardas no país

A taxa de mortalidade materna entre mulheres pretas no Brasil é quase o dobro em comparação com mulheres pardas e brancas. É o que mostra um estudo da Unicamp que analisou dados do Ministério da Saúde de 2017 a 2022.

A pesquisa publicada na Revista de Saúde Pública, em junho de 2024, apontou que o índice prevalece em todo o período avaliado, todas as regiões brasileiras, faixas etárias e por todas as causas levantadas, evidenciando a cor de pele preta como fator chave.

Em geral, no intervalo pesquisado, a taxa de mortalidade materna foi de 68 mortes por 100 mil nascidos vivos no país. Mulheres brancas e pardas contabilizaram 64 mortes, enquanto o índice para mulheres pretas atingiu 125,8.

Refletindo a mesma disparidade racial, um estudo veiculado na revista Ciência & Saúde Coletiva analisou gravidezes em meninas de 10 a 14 anos entre 2011 e 2021, o que, pela lei, envolve violência sexual. Em média, 26 meninas da faixa etária se tornam mães diariamente no Brasil.

O levantamento revelou que, dos 107.876 nascidos vivos no período, a maioria (73,6%) foi de parturientes negras da região Norte e Nordeste (60,6%), com piores condições de acesso ao pré-natal e maiores desfechos negativos para os bebês.

Segundo Deborah Malta, professora associada da escola de enfermagem da UFMG e coautora do estudo, não só as meninas são prejudicadas, como também os filhos, muito mais sujeitos à morte neonatal.

Na terça-feira (20), a Folha realiza o seminário Mortalidade materna no Brasil, em parceria com o Pulitzer Center, para discutir o problema. Entre os participantes estão duas autoras dos estudos que, entrecruzados, revelam mulheres negras como as principais vítimas da desigualdade racial no país.

A primeira mesa, "Mortalidade com cor", contará com a professora Débora Santos, da Unicamp, coautora da pesquisa sobre mortes maternas, e o enfermeiro Gracione Santos, que perdeu a esposa durante o nascimento da filha caçula na pandemia de Covid-19. 

Já na mesa "Estupro, vulnerabilidade e ausência de direitos", Deborah Malta, professora da UFMG e destaque brasileiro no ranking das melhores cientistas do mundo, discutirá com a ginecologista e obstetra Helena Paro e a psicóloga Daniela Pedroso o caminho trilhado por meninas pretas e pardas que engravidam e as soluções para essa questão de saúde pública.

O evento, transmitido ao vivo pelo canal da Folha no YouTube, das 19h30 às 21h20, será mediado pela repórter especial Cláudia Collucci, mestre em história da ciência e pós-graduada em gestão em saúde.

Painel 1 - Mortalidade com cor (19h30 às 20h20)

  • Gracione Santos - Enfermeira de Boa Vista, Roraima, e marido de Almiza, que faleceu logo após dar à luz sua filha mais nova, Valentina, durante a pandemia de Covid. Atualmente, ele está criando os cinco filhos que perderam a mãe.
  • Débora Santos - Doutora em Enfermagem pela USP, docente dos cursos de graduação e pós-graduação em enfermagem da Unicamp e coordenadora do Grupo Uhayele de Estudos sobre Negritude e Saúde.
  • Luís Eduardo Batista – Chefe do Escritório Consultivo de Equidade Racial em Saúde do Ministério da Saúde.


Painel 2 - Estupro, vulnerabilidade e ausência de direitos (20h30 às 21h20)

  • Deborah Malta - Professora do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG. Deborah foi a brasileira mais bem colocada no ranking anual das melhores mulheres cientistas do mundo, publicado pela research.com.
  • Helena Paro - Ginecologista e obstetra do Centro de Atenção Integral às Vítimas de Violência Sexual da Universidade Federal de Uberlândia.
  • Daniela Pedroso - Psicóloga e mestre em saúde materno-infantil. Atua no tratamento, identificação e prevenção de casos de violência sexual e aborto legal, além de oferecer cursos e palestras sobre o tema.

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