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Pulitzer Center Update December 31, 2024

Mostra leva filmes sobre a Amazônia para pessoas na Amazônia

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Promovido pelo Pulitzer Center, evento passou pelos Estados do Maranhão e Pará; em Imperatriz houve também oficina para estudantes de jornalismo. Imagen por Tatiana Vetillo. Brasil.

Exibir filmes que apresentam a Amazônia como protagonista para serem assistidos e discutidos por pessoas que vivem próximo à floresta, mas nem sempre se reconhecem nela. Essa foi uma das motivações que levaram a mostra Histórias da Amazônia, promovida pelo Pulitzer Center, para os estados do Maranhão e Pará.

Em três cidades diferentes—Imperatriz, Marabá e Rondon do Pará—foram exibidos documentários e produções audiovisuais com foco em histórias e situações pouco reportadas, mas de relevância para estimular a discussão sobre os desafios atuais envolvendo questões socioambientais. 

Considerados “porta de entrada” para a floresta tropical, os dois Estados têm altos índices de desmatamento. Desde 2006, o Pará é o líder entre os nove Estados que compõem a Amazônia Legal brasileira – acumulando uma área total desmatada de 172.400 km2. Além disso, enfrenta problemas com grandes obras de infraestrutura (como hidrelétricas e ferrovias), com garimpos ilegais, mercados irregulares de produtos da floresta e violências por disputa de terras. 

“Estamos mudando a Amazônia de tal modo que ela pode deixar de existir. Eventos como a mostra, realizada juntamente com universidades e organizações locais, nos levam a pensarmos juntos com estudantes e professores sobre os problemas sociais e ambientais da região e como podemos propor caminhos em conjunto”, afirma a gerente de programas do Pulitzer Center, Maria Rosa Darrigo, organizadora do evento.

Em parceria com as universidades Federal do Maranhão (UFMA) e Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a mostra teve sessões e rodadas de debates envolvendo a comunidade local, professores, estudantes e jornalistas. Por meio das produções, o público pode conhecer modelos de desenvolvimento impostos à região, ameaças aos povos da floresta e o que eles têm a ensinar no enfrentamento às mudanças do clima. 

“Por mais que a gente esteja no início do que era a floresta e próximo a Terras Indígenas, as pessoas por aqui não têm a questão identitária com a Amazônia e sua herança. Vemos veículos de comunicação das regiões Sul e Sudeste falando sobre a Amazônia e aqui, onde deveríamos tratar do assunto, acabamos não fazendo. A mostra foi muito importante para justamente discutirmos essa relação”, avalia a professora Elaine Javorski Souza, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMA no campus de Imperatriz.

 

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Imagem por Elaine Souza. Brasil.

Um dos documentários exibidos foi “Relatos de um Correspondente da Guerra na Amazônia”, dirigido pelos jornalistas Daniel Camargos e Ana Aranha, da Repórter Brasil, e que também contou com apoio do Pulitzer Center por meio do Rainforest Journalism Fund

Lançado em 2023 durante a primeira mostra “Histórias da Amazônia”, promovida pelo Pulitzer Center na Cinemateca Brasileira em São Paulo, o filme mergulha nos desafios enfrentados por jornalistas que cobrem a violência contra comunidades indígenas a partir da história do assassinato de Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira em uma emboscada no Vale do Javari, no Amazonas. 

“Tem uma ligação interessante do documentário com a cidade, já que um trecho no início se passa em Imperatriz. Durante a exibição, a sala estava lotada e a plateia engajada. Foi muito interessante a troca de experiências”, conta Camargos, que é membro do Rainforest Investigations Network

Entre os outros filmes exibidos estão “Pilotos da Amazônia” – que traz depoimentos de pilotos que voam de forma clandestina na região trabalhando para atividades criminosas, como exploração de madeira, tráfico de drogas e garimpo de ouro – e “Pandemia e Fake News no Alto Xingu”, sobre os impactos de notícias falsas disseminadas durante a pandemia de COVID-19 que levaram indígenas a retirarem barreiras sanitárias erguidas para evitar contaminações.

Com sua experiência na direção do documentário e em reportagens investigativas sobre a Amazônia, ele também foi convidado a ministrar para estudantes de Jornalismo a “Oficina de Narrativa Jornalística” (conheça mais aqui), uma iniciativa do Pulitzer realizada em parceria com a UFMA durante o Congresso de Comunicação (SIMCOM). 

Segundo Camargos, na oficina ele destrinchou a forma de apuração de reportagens publicadas na Repórter Brasil, explicou como ter acesso a dados públicos e compreender mapas. Entre os materiais de trabalho está a série multimídia “Ogronegócio, a milícia e o golpismo”, resultado de uma viagem de 6.000 quilômetros entre Mato Grosso e Pará  para entender a aliança entre o bolsonarismo e a ala violenta do agronegócio na Amazônia. 

“Por mais que a gente mostre para os alunos questões envolvidas em jornalismo investigativo, para eles, às vezes, parece uma realidade distante, com dificuldade de obter recursos para viabilizar as apurações. O Daniel veio para mostrar que atualmente existem formas de financiamento, como por meio do Pulitzer Center. Ajuda a despertar nos alunos um empreendedorismo para a carreira, impulsionando a ideia que é possível”, relata a professora. 


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